O obscuro jogo entre Vasco da Gama e Atlético Nacional

O confronto entre Vasco da Gama e Atlético Nacional pelas quartas de final da Copa Libertadores de 1990 foi sem sombra de dúvidas um dos mais polêmicos e obscuros da história do Gigante da Colina. A partida marcou um duelo inusitado entre dois personagens: Eurico Miranda, dirigente cruzmaltino, e o narcotraficante mais famoso da história, Pablo Escobar.

O Gigante da Colina já fazia sua melhor participação em uma Copa Libertadores ao chegar nas quartas de final da competição. O Vasco e o time colombiano fizeram três jogos em 23 dias – no Maracanã, empate por 0 a 0, dia 22 de agosto. Em Medellín, vitória colombiana por 2 a 0, dia 29 de agosto. Finalmente, em Santiago, os colombianos levaram a melhor por 1 a 0, no dia 13 de setembro de 1990.

E o que marcou este duelo não foi o embate dentro de campo, mas sim, todo o contexto amedontrador influenciado peloo narcotráfico, comandado por Pablo Escobar, que era torcedor e tinha grande influência dentro do Nacional.

Arbitragem vítima de sequestro-relâmpago. Homens encapuzados no hotel, suborno ao árbitro, milhares de dólares em malas, jogadores convidados para uma festa regada a cocaína às vésperas da decisão, ameaças a dirigentes… É quase impossível afirmar o que foi fato e o que foi mentira, mas estas foram apenas algumas das “histórias” que envolveram o duelo entre as duas equipes.

Devido ao ambiente hostil, Eurico Miranda tentou remarcar a partida e realizou uma reunião com representantes da Conmebol. “A reunião foi uma discussão violenta entre os dirigentes do Nacional de Medellín e o Eurico. Eurico quase bateu neles. Ele não era fácil também”, recordou Hilton Nejar, dirigente da Conmebol na época.

“(No jogo), o problema é que ele queria vir embora, eu dizia: ”Como você vai embora, Eurico? Se você tira o Vasco daí, vai ser o caos, vai ser morte, vai ser o diabo. Joga e depois vemos que bicho vai dar. O presidente te orientou”, finalizou.

Apesar de todos os problemas, as partidas foram realizadas sem problema algum, e apesar das supostas ajudas da arbitragem que teria sido praticamente “coagida”, é possível afirmar que o time colombiano venceu o mata-mata de maneira “justa”.