Eurico Miranda: História completa de seu período como presidente do Vasco
Eurico Miranda, uma figura polêmica e carismática, foi uma personalidade marcante no futebol brasileiro e, em especial, no Clube de Regatas Vasco da Gama.
Ao longo de sua longa trajetória no clube, Eurico ocupou diferentes cargos e exerceu influência significativa, deixando um legado recheado de títulos, controvérsias e disputas políticas.
É possível explorar de forma completa o período de Eurico como presidente do Vasco, destacando sua ascensão, seus feitos esportivos e a conturbada relação com oposição e imprensa que existia.
Ascensão de Eurico Miranda no Vasco e período de transformações
Eurico Miranda iniciou sua trajetória no Vasco da Gama em 1967, ocupando o cargo de diretor de cadastro.
Aos poucos, sua influência cresceu, e durante a gestão de Antônio Soares Calçada, Eurico se tornou vice-presidente de futebol, sendo fundamental para a época mais vitoriosa do clube nas décadas de 1980 e 1990.
Sob sua influência, o Vasco conquistou títulos importantes, incluindo uma Libertadores em 1998 e quatro títulos do Campeonato Brasileiro.
Durante o período em que foi vice-presidente de futebol, Eurico desempenhou um papel fundamental na formação do elenco do Vasco.
Foi ele o responsável por montar um esquadrão que garantiu não apenas a Libertadores no ano do centenário do clube, mas também outros dois títulos do Brasileiro e a Copa Mercosul. Essa fase guarda boa parte das grandes memórias dos vascaínos.
A personalidade polêmica de Eurico Miranda e a gestão centralizadora
Eurico foi descrito por muitos como uma figura de personalidade forte, intransigente e centralizadora. Sua forma de gerir o clube rendeu tanto elogios quanto críticas.
Enquanto alguns o admiravam pela firmeza de suas decisões e pelo cuidado com o patrimônio social do Vasco, outros o viam como retrógrado e pouco disposto a modernizar a forma de fazer negócios no futebol.
Seus embates com a imprensa também foram frequentes. Eurico não hesitava em confrontar jornalistas e era conhecido por suas declarações contundentes.
Essa postura rendeu-lhe a alcunha de “cacique da colina”, e ele se via como o guardião dos interesses do Vasco contra aqueles que considerava inimigos do clube.
O período conturbado e a luta contra o câncer
Apesar de suas conquistas no comando do Vasco, Eurico enfrentou momentos conturbados em sua gestão.
Em 2013, o clube enfrentou um rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, sendo um dos pontos baixos de sua carreira.
No decorrer do ano, ele fez uma declaração que iria para a Sibéria se tivesse a queda. No entanto, o Vasco conseguiu retornar à elite do futebol brasileiro no ano seguinte, demonstrando a resiliência do clube e de seu presidente.
Em agosto de 2018, Eurico tornou pública sua luta contra um câncer no cérebro, somando-se a outras batalhas contra tumores na bexiga e nos pulmões.
Seu estado de saúde se agravou nos últimos meses, deixando-o afastado das aparições públicas e com dificuldades para se alimentar.
Sua relação com a política vascaína e a sucessão de cargos
Além de sua atuação no Vasco, Eurico também teve uma carreira política fora do clube.
Foi eleito deputado federal em 1990 e conseguiu a reeleição, porém, enfrentou um pedido de cassação de mandato por uma operação de câmbio não autorizada em 2001. Posteriormente, foi condenado a dez anos de prisão por sonegação fiscal em 2007.
A disputa eleitoral no Vasco também marcou a trajetória de Eurico Miranda. Em 2014, ele retornou ao cargo de presidente do clube, derrotando o candidato da oposição, Julio Brant, em uma eleição tumultuada e judicializada.
Sua gestão enfrentou desafios, mas Eurico se manteve fiel à sua visão e ao estilo de liderança que o caracterizou ao longo dos anos.
O resgate de Dinamite e a continuidade na presidência
Eurico ficou marcado por um ato de heroísmo quando, em 1980, evitou que o ídolo Roberto Dinamite fosse parar no arquirrival Flamengo.
Esse episódio forjou sua imagem como defensor do Vasco contra o maior rival, e ele se considerava uma personificação do clube.
Após perder a presidência do Vasco para Roberto Dinamite, Eurico retornou ao cargo em 2014 e permaneceu até o final de 2017.
Nesse período, o Vasco conquistou seu quarto título do Campeonato Brasileiro, a Taça João Havelange, e sua única Libertadores, em 1998. Sua gestão também foi marcada por investimentos na estrutura do clube, incluindo melhorias no ginásio e na piscina de São Januário.
O legado de Eurico Miranda
Independentemente das opiniões divergentes sobre sua gestão e estilo, é inegável que Eurico Miranda deixou sua marca na história do Vasco da Gama e do futebol brasileiro.
Seus feitos esportivos, sua personalidade forte e seus embates políticos o tornaram uma figura folclórica e carismática.
Ele será lembrado como um dos dirigentes mais controversos e influentes da história do futebol brasileiro.
Sua memória nos corações vascaínos
Após sua morte em março de 2019, Eurico Miranda foi velado na Capela Nossa Senhora das Vitórias, em São Januário, e seu enterro aconteceu no cemitério São João Batista.
Seu legado e sua memória permanecem vivos nos corações dos torcedores do Vasco e daqueles que acompanharam sua trajetória no futebol brasileiro. Seu nome ficará para sempre ligado à história do clube e à paixão dos vascaínos.
Eurico Miranda foi um personagem complexo e controverso no universo do futebol. Seu período como presidente do Vasco foi marcado por vitórias, polêmicas e disputas políticas.
Sua personalidade firme e centralizadora lhe rendeu admiradores e críticos, mas é inegável que sua influência deixou um impacto significativo no clube e no esporte brasileiro.
Sua morte foi uma perda para o futebol e deixa uma lacuna na história do Vasco da Gama. Que sua memória seja sempre lembrada e que seu legado continue a inspirar as futuras gerações de vascaínos.